segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Recebi por email este artigo que saiu no Jornal de Notícias de 14 de Dezembro deste ano moribundo com a autoria de Mário Crespo; como é um "grito de revolta" tem com certeza um lugar no blogue dos xabugalenses:

O PALHAÇO

O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico
por
milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos
e fica com o
troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra
acções não cotadas e
num ano consegue que rendam 147,5 por
cento. E acha bem.
O palhaço escuta as conversas dos outros e
diz que está a ser
escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço
quer sempre maiorias.
Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço
é quem nos faz abster. Ou
votar em branco. Ou escrever no boletim
de voto que não gostamos de
palhaços. O palhaço coloca notícias
nos jornais. O palhaço torna-nos
descrentes. Um palhaço é igual a
outro palhaço. E a outro. E são
iguais entre si. O palhaço mete medo.
Porque está em todo o lado. E
ataca sempre que pode. E ataca
sempre que o mandam. Sempre às
escondidas. Seja a dar pontapés
nas costas de agricultores de milho
transgénico seja a desviar as
atenções para os ruídos de fundo. Seja a
instaurar processos. Seja
a arquivar processos. Porque o palhaço é só
ruído de fundo.
Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele
vende-se por
isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um
cobarde
impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou
quando
tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez
nada. Ou pede
desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço
está em comissões que
tiram conclusões. Depois diz que não
concluiu. E esconde-se atrás dos
outros vociferando insultos. O
palhaço porta-se como um labrego no
Parlamento, como um boçal
nos conselhos de administração e é grosseiro
nas entrevistas. O
palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E
nos tribunais
também.O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o
género
não conta.Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém.

Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género.
Ou
que não o tem. O palhaço faz maus orçamentos. E depois
rectifica-os. E
diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá.
Porque o mandaram
dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço
nacionaliza bancos e fica com o
dinheiro dos depositantes.
Mas deixa depositantes na rua. Sem
dinheiro. A fazerem figura
de palhaços pobres. O palhaço rouba.

Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga
que não
roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não
devia ver.
O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar
como todo o mal. Mas antes
ainda vai viabilizar orçamentos e
centros comerciais em cima de
reservas da natureza,
ocupar bancos e construir comboios que ninguém
quer.
Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria.

E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais
saracoteando-se em palhaçadas por comissões
parlamentares, comarcas,
ordens, jornais, gabinetes e presidências,
conselhos e igrejas,
escolas e asilos, roubando e violando porque
acha que o pode fazer.
Porque acha que é regimental e normal
agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer
e a ocupar espaço e a perder
cada vez mais vergonha. O palhaço
é inimputável. Porque não lhe tem
acontecido nada desde que
conseguiu uma passagem administrativa ou
aprendeu o inglês
dos técnicos e se tornou político. Este é o país do
palhaço.
Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o

deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço.

Mário Crespo

1 comentário:

RC disse...

Qualquer espectáculo só esta em cena enquanto houver PUBLICO, com este circo acontece o mesmo, o PALHAÇO só actua ate os “espectadores” quererem e deixarem de estar acomodados …